Simpósio temático
08. Do colonial ao pós-colonial: perspectivas para ler os domínios portugueses na África e no Oriente
Dra. Patricia Souza de Faria
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Dra. Roberta Guimarães Franco
Universidade Federal de Lavras (UFLA)
O presente ST tem como objetivo debater estudos relacionados às leituras e releituras acerca dos espaços que vivenciaram o domínio colonial português tanto em África, como no Oriente, bem como suas frequentes interações com o espaço ibero-americano. Nesse sentido, interessa-nos a perspectiva comparativista, tanto no que se refere aos diferentes territórios, mas principalmente para as análises sobre as diversas representações culturais oriundas dessas dinâmicas.
Pretende-se acolher estudos que proponham reflexões sobre os processos políticos, econômicos, sociais e culturais que marcaram a história das sociedades da África e do Oriente que integraram o “império colonial português”.Interessa-nos pensar na heterogeneidade desses processos de acordo com as especificidades dos contatos culturais, ou seja, compreender que, mesmo com um elemento comum, a imagem “central” do colonizador, cada espaço possui as suas particularidades pautadas tanto nas culturas autóctones, como nos mecanismos variados de contatos estabelecidos pelos portugueses.
Nesse sentido, também é importante ampliar a perspectiva, para além da usualmente vertical (Norte-Sul), pensando também nos contatos Atlântico-Índico, a partir de um olhar do/sobre o Sul. Dessa forma, pretende-se enriquecer o debate, evidenciando possíveis apagamentos, invisibilidades, de uma leitura feita unicamente a partir do Norte.
Por isso, ao incluir a perspectiva pós-colonial, esperamos compor um panorama mais amplo, que inclua as possíveis releituras, no sentido de ressignificação, dos contatos culturais iniciados com o processo de expansão portuguesa, possibilitando o acesso a novas versões, distintas daquelas produzidas pelo Centro, como uma forma de rever as “geografias imaginativas”, de que fala Edward Said.
Portanto, interessa-nos os debates acerca de experiências políticas e culturais que reflitam sobre os variados tipos de contato, dinâmicas ou manifestações oriundas desses processos, como os estudos sobre religião, seus agentes e instituições, sobre a arquiteturae seus usos, e ainda sobre as literaturas e outras artes, vistas desde a sua intenção pedagógica, como forma de imposição dos valores do colonizador, ou ainda como resistência por parte dos colonizados.
Palavras-chave:Império português; Pós-colonial; África; Oriente.
Bibliografia:
CALAFATE, Margarida e FERREIRA, Ana Paula (org.). Fantasmas e Fantasias Imperiais no Imaginário Português Contemporâneo. Prior Velho: Campo das Letras, 2003.
GRUZINSNKI, Serge. Le quatre parties du monde: histoire d’une mondialisation. Paris: Éditions de la Martinière, 2006.
MUDIMBE. Valentin Yves. A ideia de África. Ramada: Edições Pedago, 2014.
SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente.São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
SUBRAHMANYAM, Sanjay. Connected Histories: Notes Towards a Reconfiguration of Early Modern Eurasia. In: Lieberman, V. (ed.). Beyond Binary Histories. Ann Arbor: University of Michigan Press, p. 289-315, 1997.