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Simpósio temático

14. Nas malhas da família: estratégias familiares entre normas e práticas

Ana Silvia Volpi Scott

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Carlos de Almeida Prado Bacellar

Universidade São Paulo (USP)

 

Nas últimas décadas o estudo da família tem atraído a atenção de especialistas de diferentes áreas. No campo da história as análises sobre esta instituição têm crescido de maneira espetacular, tanto no Brasil como no exterior, e os inúmeros trabalhos que vêm a público têm contribuído de forma decisiva para o debate. Neste contexto de intensas discussões sobre a temática da família, o V Encontro Internacional de História Colonial foi um fórum bastante privilegiado de debates no âmbito de nosso simpósio temático, experiência que agora pretendemos manter no VI Encontro.

O crescimento do estudo da família entre os historiadores veio, inicialmente, dos trabalhos produzidos no âmbito de Demografia Histórica, sobretudo a partir das décadas de 1980 e 1990. Contudo, os estudos sobre a família se alargaram de tal maneira, principalmente por conta do diálogo com as Ciências Sociais, que as recentes pesquisas não se limitam apenas ao estudo do aspecto demográfico, embora este continue a fornecer elementos importantes para a compreensão da organização e das dinâmicas familiares.

Essa abertura a outras áreas se justifica pela complexidade do tema, pois a compreensão dos sistemas familiares do passado não pode restringir-se ao estudo das variáveis demográficas, até por conta das múltiplas situações de vida que são contempladas pela família, como instituição básica de praticamente todas as sociedades.

A ampliação desse universo, para além do núcleo constituído por pais e filhos e/ou co-residentes, englobando a parentela, ganhou cada vez mais atenção dos estudiosos, a partir do diálogo interdisciplinar com a Antropologia e Sociologia.

Fundamental ainda foi a contribuição teórico-metodológica advinda da micro história e da proposta da redução da escala de abordagem, que procura fazer sobressair o comportamento social dos atores históricos.

Justificativa

A observação possibilitada através dos jogos de escala permitiu uma abertura a discussões relativas às estratégias familiares e às redes de parentesco para as sociedades do Antigo Regime, já que se admite que toda a ação social é vista como o resultado de uma constante negociação, manipulação, escolhas, decisões do indivíduo, diante de uma realidade normativa que, entretanto, oferece muitas possibilidades de interpretações e liberdades pessoais.

Se estivermos de acordo com esta afirmação, uma questão de relevo para o historiador passa a ser a análise das margens de manobra que são utilizadas pelos indivíduos (e/ou famílias) para lidar com os sistemas normativos existentes, aproveitando-se de suas brechas e/ou contradições. Portanto, a questão das redes sociais adquire um papel fundamental quando se opta pela redução da escala de abordagem.

Considerando a importância da noção de estratégias familiares e de redes sociais, temos um universo rico e complexo a ser explorado, que pode se valer tanto de fontes produzidas por instituições laicas quanto eclesiásticas.  Desta maneira, consegue-se elementos fundamentais para o estudo das redes, constituídas tanto através dos vínculos de consanguinidade e/ou aliança, quanto a partir de relações de outra natureza.

É objetivo desta sessão aprofundar as reflexões sobre as estratégias familiares e as redes sociais inscritas no universo complexo da sociedade luso-brasileira, e que vêm atraindo cada vez mais a atenção dos historiadores da família, através da exploração de fontes de caráter variado, de cunho quantitativo ou qualitativo. Portanto, serão acolhidas comunicações que apresentem resultados de pesquisa nesta perspectiva e/ou que discutam questões de caráter teórico-metodológico no âmbito da problemática que é o fio condutor da proposta, qual seja, a família como objeto de pesquisa para o historiador.

 

Palavras-chave: história da família; estratégias familiares; parentesco; redes sociais.

 

Bibliografia

BACELLAR, C. A. P.(1997). Os senhores da terra: família e sistema sucessório entre os senhores de engenho do Oeste paulista, 1765-1855. Campinas, CMU/Unicamp.

MARCÍLIO, M. L. (2006). Caiçara: terra e população. Estudo de Demografia Histórica e da História Social de Ubatuba. São Paulo, Edusp.

SCOTT, A. S. V. et al. - orgs. (2014). História da Família no Brasil Meridional: temas e perspectivas. 1. ed. São Leopoldo: Oikos Editora/ Editora UNISINOS, 2014. v. 1. 360p .  (Disponível em http://oikoseditora.com.br/files/Ehila2.pdf).

SCOTT, A. S.V. (2015). Entre a “curva e o “caso”: três décadas de história da família no Brasil. In: Libby, D. C. et al. (orgs). História da Família no Brasil (séculos XVIII, XIX e XX). Novas análises e perspectivas. Belo Horizonte: Fino Traço Editora, pp.21-49.

SILVA, M. B. N. (1998). História da família no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

 

 

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